quinta-feira, 5 de junho de 2014

Governo autoriza criação de hangares a céu aberto durante a copa

Matéria de autoria do site globo.com

RIO - O jet set internacional promete desembarcar com tudo no Brasil durante a Copa do Mundo, que começa na próxima semana. Pelas contas da Infraero, o país deve receber cerca de mil jatinhos executivos durante o torneio. Desse total, entre 500 e 700 aeronaves deverão despejar centenas de passageiros VIPs — a lista vai dos bilionários da “Forbes” e chefes de Estado a cantores e apresentadores de TV — nos dias entre as semifinais e a final, no Maracanã. E para evitar um congestionamento nos aeroportos, o governo autorizou, pela primeira vez, a criação de hangares a céu aberto nos principais aeroportos do país. O primeiro a funcionar será o do Aeroporto Internacional Tom Jobim-Galeão, no Rio, que vai permitir a criação de 217 vagas para pernoite de jatinhos, número bem acima das 15 posições até então disponíveis.
Com isso, a Infraero tentará evitar o problema ocorrido durante a final da Copa da África do Sul, quando o congestionamento de jatos executivos resultou no fechamento do aeroporto de Joanesburgo, impedindo torcedores de assistir ao jogo. A Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), que reúne as companhias do segmento, estima que a final de 2010 tenha concentrado cerca de 300 aeronaves. O Mundial da Alemanha, em 2006, que registrou cerca de mil jatos ao longo de todo o evento, reuniu, somente na decisão em Berlim, cerca de 300 aeronaves.
— Vamos ter na final do Rio um volume semelhante de jatos ao dos dois últimos Mundiais, o que é bom, pois, no caso da Alemanha, a facilidade de locomoção das aeronaves é muito maior. E Europa é um dos principais mercados de aviação executiva no mundo. O Rio de Janeiro está extremamente concorrido, pois é para a final que todo mundo vem — disse Ricardo Nogueira, diretor-geral da Abag.
No Galeão, detalha a Infraero, o hangar a céu aberto terá inicialmente 22 mil metros quadrados e poderá aumentar. Esse espaço, que teve o aval da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e que segue normas internacionais de segurança, começa a operar amanhã e funcionará até 15 de julho.
Marçal Goulart, diretor de Aeroportos da Infraero, disse que, conforme a chegada de jatos for aumentando ao longo da Copa, outros aeroportos contarão com hangares a céu aberto para permitir o estacionamento das aeronaves. Por enquanto, já foram autorizados os de Porto Alegre, Curitiba, Confins (Belo Horizonte), Congonhas (São Paulo), Salvador e Fortaleza.
— Nosso planejamento é receber mil jatos. Vamos começar no Galeão. Nos outros aeroportos, com o hangar a céu aberto ganha-se entre 70 e 80 posições para a acomodação desses jatos — explicou Goulart, lembrando que o número de funcionários em alguns aeroportos aumentou entre 30% e 50%.
Nogueira, da Abag, disse que o hangar a céu aberto é muito usado no exterior, sobretudo em grandes eventos esportivos. Ele lembra que, no caso da África do Sul, os jatos tiveram de pernoitar até nos gramados dos aeroportos. Mas essa opção, diz a Infraero, está descartada.
— Vamos usar apenas os espaços pavimentados. As pistas auxiliares serão usadas (como estacionamento) só em último caso — informou Goulart.
GALEÃO JÁ TEM 260 RESERVAS
Para criar o hangar a céu aberto no Galeão, já que o país não contava com uma regulação jurídica, a C-Fly Aviation, empresa de gerenciamento aeroportuário contratada pela Infraero, firmou parceria com a suíça Jet Aviation. Hoje, Francisco Lyra, sócio-diretor da C-Fly, comemora o resultado. Ele diz que 260 aeronaves já reservaram espaço no Galeão para os dias da Copa.
— A capacidade dos aeroportos para jatos é muito pequena. No Galeão, havia apenas 15 vagas. Em Guarulhos, eram cinco. Em Viracopos, mais sete. Assim, fomos contratados pela Infraero para gerir esse serviço no Galeão. Teremos 217 posições por dia. A Jet Aviation vai enviar profissionais para ajudar nessa operação — afirmou Lyra.
Para pernoitar no Galeão, os donos dos jatos terão de desembolsar R$ 2,5 mil por dia. Marçal, da Infraero, lembra que nos outros aeroportos o serviço será gerido por um consórcio de empresas que operam nos estados.
— São empresas com experiência em gerenciamento. A maior demanda da Copa vai ocorrer dois dias antes da final no Rio e um dia após a decisão no Maracanã — disse Goulart.
Percepção semelhante tem a Líder Aviação, maior empresa de jatos executivos da América Latina, com uma frota de 31 aeronaves. Heron Nobre, diretor de Fretamento e Gerenciamento de Aeronaves da companhia, diz que a final é o ponto máximo da demanda. A empresa já tem 50% de toda a sua agenda de voos reservada. Para o período da Copa, a companhia pretende contabilizar mais de mil horas de voo.
— É um momento importante para o setor, pois voamos cerca de sete mil horas por ano. A Copa vai ser responsável por um aumento de 10% no nosso faturamento, que anualmente é de R$ 1 bilhão. Teremos mais de 500 funcionários deslocados só para o evento. Investiremos R$ 10 milhões na construção de um hangar em Itanhaém, no litoral de São Paulo, que pode servir de opção para o estacionamento de jatos.
Quem também investiu pesado para a Copa foi o grupo Águia, dono da Lynx Aviação, que comprou duas aeronaves da Embraer, uma para 16 e outra para até 30 pessoas, e adquiriu um hangar de 1.900 metros quadrados no aeroporto de Jacarepaguá, no Rio, com capacidade para mais de 20 aeronaves. O presidente da empresa, Paulo Castello Branco, diz que a expectativa é de um crescimento de cerca de 30% no faturamento do grupo este ano:
— O mercado de aviação executiva está aquecido por conta da Copa e dos Jogos Olímpicos. Sentimos um aumento de procura de aproximadamente 70% durante o período do Mundial. Para vários jogos, a procura foi imensa e essa demanda cresce diariamente. É provável que em alguns dias da Copa utilizemos 100% da frota.

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